terça-feira, 27 de julho de 2010

Olhó lhó lhó lhó... Sou manezinho...

... mas não sou nenhum bocó. Tá aí uma musiquinha de carnaval que define o povo daqui. Faço o post hoje em defesa de Florianópolis, afinal me considero quase uma Cataúcha ou uma Porto Florianópolitana. Acho que é a síndrome de Estocolmo. Cheguei aqui quase a força, reclamando, e hoje sou apaixonada por esse lugar. Deixo com vocês o cardápio mais simpático da Ilha. E o texto que está no fim da foto mas não como dizem aqui "não dá de ver".

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SER MANÉ DA ILHA É...

Para ser um verdadeiro Mané tu precisas preencher, pelo menos, 80% dos requisitos abaixo enumerados, caso contrário não adianta receber troféu de Mané e nem freqüentar o Mercado Público todos os dias por cinco anos seguidos, muito menos, morar no Ribeirão da Ilha e se esforçar para falar com sotaque manezês. Para ser um autêntico Mané tu precisas, ô istepô:



01) Antes de qualquer coisa, ter nascido na Ilha de Santa Catarina, seja na Carmela Dutra, na Carlos Correia ou mesmo de parteira, ou no continente (leia-se Estreito, ou em puro manezês Streitcho). Não adianta vir com essa história que nasceu fora e veio morar aqui pequenininho;


02) Falar manezês fluente, tão rápido que deixa o cristão que te ouve meio tanso;


03) Falar 60% das palavras no diminutivo (Vais querê um cafezinho com pãozinho ou com bolinho de chuva?);


04) Gostar do cheiro das bancas de peixe do Mercado Público. Nada de tapar o nariz pra comprar camarão;


05) Ter assistido um Avaí e Figueirense no Adolfo Konder e, de preferência, ter fugido com a bola quando essa era chutada pra fora do campo;


06) Ter, pelo menos uma vez na vida, subido a Avenida Tico-Tico (Rua Clemente Rôvere);


07) Ter ajudado a fazer ou ter dançado no boi de mamão;


08) Ter participado da farra do boi ou, pelo menos, ter fugido em carreira, todo borrado com medo do pobre animal;

09) Ter se vestido de mascarado e corrido atrás das raparigas nas noites de verão;

10) Ter tomado banho na Lagoa da Conceião sem medo de pegar pereba;

11) Ter comprado empadinha na Confeitaria Chiquinho;

12) Ter tomado picolé de coco ou sorvete de butiá nas sorveterias Satélite ou Ilhabela;

13) Ter saído em bloco de sujo no carnaval, vestido de mulher e continuar gostando de rapariga;

14) Ter guardado no rancho: caniço, tarrafa, puá, coca, jereré e pomboca ("Prá mó di pega uns sirizinho, uns camarãozinho, uns peixinho...");

15) Ter comprado na Venda: bala azedinha; pé de moleque; quebra-queixo; Maria mole, pirulito açucarado em forma de peixe, Bala Rococo, Tablete Dalva, Guaraná Pureza ou refresco da Max William.

16) Acreditar em bruxas e ter ouvido pelo menos uma história de Franklin Cascaes;

17) Ter assistido na TV Cultura um filme na Poltrona 6 e, para as senhoras, o programa Celso e a Sociedade (a Metralhadora Platinada);

18) Entender tudo o que o Miguel Livramento fala;

19) Não aceitar nada do que o Paulo Brito diz;

20) Tentar descobrir para qual time da Capital o Roberto Alves torce e não acreditar naquela história de que ele ainda é torcedor do Paula Ramos;

21) Ter ouvido o programa do Jorge Salum e ter tentado ganhar uma caixa de maçãs respondendo perguntas sobre conhecimentos gerais;

22) Sentir enorme prazer ao comer uma boa posta de tainha frita, com "pirão de nailo", ou então, aquele berbigãozinho ensopadinho derramado sobre um pirãozinho de feijão;

23) Ter curtido um baile de carnaval no Lira, no LIC, no Doze ou no Limoense;

24) Ter assistido desfile de escola de samba e de carro alegórico ao redor da Praça XV;

25) Ter participado de alguma turma da cidade (do muro da Mauro Ramos, do Quiosque, da Marquise etc)

26) Ter dado um tapa na orelha do César Cals na Novembrada e ter chamado o General Figueiredo de ....(Tu sabes o que);

27) Defender a mudança do nome da Cidade para Nossa Senhora do Desterro;

28) Ter passado pela Ponte Hercílio Luz e não entender a incompetência de nossos governantes que até agora não conseguiram recuperá-la;

29) Ficar horas no Ponto Chic, tomando cafezinho e discutindo sobre política, futebol e mulher (não obrigatoriamente nessa ordem);

30) Ser Figueirense e secar o Avaí;

31) Ser Avaí e secar o Figueirense;

32) Falar mal de qualquer árbitro que apite um Clássico;

33) Ter andado em ônibus da Taner ou da Trindadense;

34) Ter ouvido a Neide Maria Rosa no "Amarelinho";

35) Ter comprado um bilhete de loteria federal da Lurdes (com redinha na cabeça e tudo);

36) Ter chorado a morte do Zininho e do Aldírio;

37) Ter conhecido o Bataclan;

38) Ter ouvido as histórias do Capa Preta;

39) Ter ouvido previsões do A. Seixas Neto

40) Ter freqüentado, ou apenas conhecido, o Miramar e lamentar, profundamente, a burrice daqueles que permitiram a demolião de um dos principais marcos culturais na nossa cidade;

41) Ter entrado como "piru de fora" em festa de 15 anos, baile de debutante ou casamento de "granfino";

42) Ter comprado na Modelar, no Ponto 75, na Grutinha (êta nome sugestivo); nas Casas Coelho; na A Capital; nas Casas Macedônia; no Beco; no Saco e Cuecão; na Aki Calças e Aki Camisas e, é lógico, na Miscelânia, que era o paraíso da criançada.

43) Ter assistido, na sessão vespertina, um filme no Roxy, no São José, no Ritz, no Glória, no Jalisco, no Carlitos ou no Cecontur;

44) Ter assistido peça teatral no Álvaro de Carvalho;

45) Ter visto carnaval com o Rei Momo Lagartixa;

46) Ter "melado a cueca" na boate do Doze, do Lira, na Dizzy etc;

47) Ter dado "uma sarradinha" de madrugada no "Kuxixos";

48) Ter ido a um baile de formatura no Clube do Penhasco;

49) Ter ouvido muitas histórias dos bailes no Clube Quinze;

50) Ter visto a procissão do Senhor dos Passos descer a Rua Menino Deus;

51) Se emocionar ao ouvir o Rancho de Amor à Ilha e cantar baixinho como se fosse uma oração;

52) Reverenciar todas as manhãs a Figueira da Praça XV e ter nela o marco inicial do amor que temos por nossa terra;

53) Adorar vento sul;

54) Amar o verão, pegar tainha no inverno, ver Garapuvu florido e rezar a Nossa Senhora do Desterro pedindo proteção para que o progresso desordenado não destrua nossos últimos valores.

Esta lista, com certeza, pode ser muito maior, entretanto nunca te esqueças, caro leitor, que cada dia que passa é mais urgente o resgate e a preservação de nossa cultura e, assim como é bom receber pessoas vindas de tantas partes do Brasil e do mundo, também é importante a
manutenção de nossa identidade cultural.

Ser Mané é saber receber bem quem vem de fora, mas também é saber valorizar as coisas daqui. É defender nossa cultura daqueles que nos acham inferiores ou provincianos.

Todo Mané tem uma incrível capacidade de amar e de ser gentil, então se tu és Mané ames cada vez mais a nossa Terra e se tu és de fora aprendas a amá-la e, acima de tudo, a respeitar nossa forma de ser.

Afinal de contas, "se quês quês se não quês diz".

Roney Prazeres
Mané, Advogado e torcedor do Figueirense.

Wilson Pires Ferreira Júnior
Mané, Psicólogo, Bancário e torcedor do Avai.

2 comentários:

disse...

Prezados, muito boa listagem, mas tem mais uma que é do meu tempo:
"ter comido "xix burge" no Kasquidum" hehehehe
abraços

José Augusto Santos,

ilhéu do mont serrati

disse...

Mais uma que me lembrei:

"ter entrado no café cancum(na beira mar) antes das 21:00 pra não pagar entrada e pra economizar ia no banheiro beber agua da torneira" hehehe

José Augusto